Tem cada caso inusitado que se presencia.
Esta semana mesmo, num mesmo dia, duas situações diferentes
aconteceram.
A primeira, um cliente pede um cigarro solto, o que é
normal, mais um palito de fósforo. Não queria uma caixa de fósforo, queria que
vendesse um palito, o que não tem cabimento. No momento do pedido fiquei meio
sem ação, mas depois sorri, expliquei que não tem como vender um palito e sim
uma caixinha de fósforo e acabei cedendo um isqueiro para que ele acendesse o
cigarro. Não sei se na cidade em que mora, provavelmente no interior de algum
estado do Sul, pelo sotaque e simplicidade, acabam realizando este tipo de
venda.
A outra, um rapaz com um chapéu de guarda-chuva entra e me
oferece uma revista velha e pede em troca 3 bananas. Disse que era vegetariano,
estava com fome e estava sendo maltratado na rua. Não parecia ser um morador de
rua nem descompensado mentalmente. Era bem apessoado. Mas para evitar que o
assunto se estendesse e sem saber que reação a pessoa poderia ter, rapidamente,
disse que não ficaria com a revista mas daria uma banana com a condição dele
sair rapidamente do meu estabelecimento.
Nas situações corriqueiras é mais fácil adotar uma conduta
padrão, mas nos casos impensáveis você tem que ter jogo de cintura e correr
contra o tempo.
Como ontem, antes de fechar o estabelecimento vi um senhor bêbado
sentado do outro lado da rua. E, quando
fechei as portas, ele veio pedir para abrir. Não abri, pois vi que ele esperou
eu fechar para chegar,perguntei através do vidro o que ele queria. Respondeu
que queria comprar um cigarro. Disse que já havia encerrado, ele não saiu da
porta, acabei pegando um cigarro solto, abri uma fresta e dei a ele, até ele
quis pagar, não aceitei e pedi que saísse da porta, afinal eu tinha que soltar
duas clientes que estavam finalizando suas compras. Preferi perder R$0,50 e me
resguardar de algum problema maior.
O interessante de lidar com atendimento ao público é não se
pode prever tudo o que vai acontecer, mas que você terá que resolver tudo o que
aparecer.
Aí cabe a expressão : "Morro e não vejo
tudo!"
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